Caderneta inicia mês com forte captação de recursos

O ritmo de entrada de recursos na caderneta de poupança dá sinais de que este será mais um mês bastante positivo para a aplicação mais tradicional do país.

Fonte: Valor EconômicoTags: poupança

Luciana Monteiro

O ritmo de entrada de recursos na caderneta de poupança dá sinais de que este será mais um mês bastante positivo para a aplicação mais tradicional do país. Apesar de normalmente a caderneta apresentar forte captação no início de cada mês, o ingresso líquido de R$ 4,939 bilhões até o dia 8 já supera - e muito - o valor de R$ 2,822 bilhões registrado no mesmo período de junho. No mês passado, a poupança teve a maior captação líquida mensal do ano, com R$ 2,089 bilhões. Vale lembrar que os investimentos na caderneta costumam ser maiores no começo de cada mês porque várias empresas depositam o salário de seus empregados em contas de poupança.

O total captado em cadernetas é duas vezes e meia maior que o valor que ingressou nas carteiras mais conservadores do setor de fundos. As categorias DI, renda fixa e curto prazo, por exemplo, apresentam juntas aplicação líquida de R$ 1,842 bilhão até o dia 10, segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). Somente nos fundos DI entraram no mês R$ 542,85 milhões, enquanto os fundos de renda fixa, que podem investir em papéis prefixados, registram captação de R$ 737,44 milhões até o dia 10. Entre os fundos curto prazo - que aplicam somente em papéis com vencimento em até 365 dias -, o ingresso soma R$ 562,25 milhões.

 

No total, o setor de fundos apresenta ingresso de R$ 11,139 bilhões no mês. A captação é puxada pelos multimercados, cujos dados estão inflados por conta da transferência de recursos de dois fundos de uma fundação, cuja saída ainda não foi contabilizada.

Com a taxa de juros em 9,25% ao ano, a caderneta se torna bastante competitiva em relação aos fundos DI ou de renda fixa, sobretudo em relação àqueles que cobram taxas de administração mais altas. De acordo com cálculos da Beta Advisors, as carteiras que cobram taxa de administração de 1,5% ao ano já rendem menos que os 6,17% ao ano isentos de imposto de renda da caderneta num cenário de curto prazo. Mas o investidor deve ficar atento pois nem sempre migrar de um fundo mais caro para um mais barato é interessante, dada a tabela regressiva de imposto de renda conforme o prazo que o aplicador permanece no fundo.

Para aplicações até R$ 50 mil, a caderneta de poupança representa um oportunidade imbatível, diz Rodrigo Menon, sócio da Beta. Isso porque, em meados de maio, o Ministério da Fazenda anunciou que as cadernetas com saldo superior a R$ 50 mil passarão a pagar imposto de renda a partir do ano que vem. A partir desse valor, as aplicações em caderneta pagarão ou não o tributo dependendo do saldo de cada investidor e no nível da taxa Selic. A medida ainda depende de aprovação no Congresso.

O investidor de fundos de renda fixa que pode aplicar em papéis prefixados, no entanto, precisam fazer uma boa análise da carteira antes de optar pela poupança. "Muitos fundos de renda fixa estão com papéis de crédito na carteira, como debêntures, prefixados ou de inflação", diz Menon. Por conta disso, a performance desses fundos tem superado o Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI).

Os dados da Anbid mostram que as carteiras de renda fixa, que podem aplicar em prefixados, apresentam ganhos acima do referencial. No mês, a categoria registra retorno médio de 0,35% até o dia 10, para 0,28% do CDI no período. No ano, a rentabilidade média é de 6,00% ante 5,62% do referencial. Já os fundos DI têm rendimento médio de 0,29% em julho até o dia 10 e de 5,78% no ano.

Na ponta oposta, com perdas, aparecem os fundos de ações. As carteiras formadas somente com papéis da Petrobras apresentam queda de 8,15% no mês até o dia 10, enquanto o Ibovespa cai 4,36% no período. No ano, as carteiras têm ganhos de 32,37% - levemente superior aos 31,08% do Ibovespa. Já as carteiras compostas apenas por ações da Vale têm perda média de 5,86% no mês e rendem no ano 17,76%. Os fundos que se propõem a superar o principal índice da bolsa (Ibovespa ativo) apresentam queda de 3,60% no mês e de 28,85% no ano até o dia 10. Parte das perdas devem ser amortizadas com a valorização de 4,22% da bolsa nesta semana.

Entre os multimercados, chama a atenção a diferença de performance entre as diversas subcategorias. Os classificados como multigestor - que aplicam em carteiras de diferentes instituições - apresentam rentabilidade média de 0,35% no mês até o dia 10. Já os long and short direcionais - que buscam ganhar com a diferença entre os ativos, mas podem acompanhar a tendência do mercado - têm retorno médio de 0,70%.